Pulso

Batia o tambor das sete. À minha frente, um rosto ainda sonolento acabava de abrir a porta do quarto pouco iluminado. Acenei. Recebi de volta o gesto. Na tentativa de travar a psique e a boca politicamente correta, estava a assistir qualquer série televisiva sobre famílias aristocratas britânicas. Aproximando-se da tela fixada à parede feito concreto, ela achou graça de uma cena não muito importante. Liberou um sorriso breve, ainda preguiçoso. Eu estava ali. Ela também. Sorriu. Era o momento certo. E eu só precisava de um motivo. Deixei passar.

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Antônio Mitomari

Gosto de falar de coisas eternas e dos infortúnios da vida.